sexta-feira, 29 de julho de 2016

Colheita

Tão doce ela era,
E tão mesquinha.
Pequenininha em mente,
Vazia em coração...

Faríamos muito bem,
ou não.
Por isso encerrou-se.
Agora é escuridão.
Findou-se.
Já não é exatidão.

Gritava mil palavrões.
Sussurrava...

Doces, doces.
"Homeless"...
Não se tem casa,
Quando se tem pés.

No fim, amargo,
Retiro inseguro.
Recomeço,
Ar puro.

Não precisava de cama,
dormia na lama.
Não precisava de amigos,
Nem inimigos.

E se quer saber?
Não precisava nada...
Viver, era por viver.
Já morrer?
Sem solução.

Era tão vazia,
que apenas vivia.

Estava tão cheia,
Que... que nada.
nada mesmo,
Era o que colhia.

Purgatório


Purgatório

 

Negros eram seus cabelos,

Seus olhos, sua tez;

E então estive, talvez,

Repleto do negro do mundo

 

Névoas, espumas de ventos áridos

Açoitando-me os olhos lacrimosos

Negro eram os anjos brumosos,

Assim como o jardim e o céu - todos pálidos.

 

Minha querida, hoje me detive sonhando,

Pintando a sombra de todo mundo;

Mas negror e palor dançando,

Impossíveis de pintar, todos morimbundos.

 

Descobri que então não sonhava,

Até as lágrimas eram negras!

Acorde meu amor, acorde!

Pois agora nada vejo, só há escuridão no mundo...

 

Pietro Sanchini - Shintaro