segunda-feira, 25 de julho de 2016

Música

Pra Sonhar (Marcelo Jeneci)


Quando te vi passar fiquei paralisado

Tremi até o chão como um terremoto no Japão
Um vento, um tufão
Uma batedeira sem botão
Foi assim viu
Me vi na sua mão



Perdi a hora de voltar para o trabalho
Voltei pra casa e disse adeus pra tudo que eu conquistei
Mil coisas eu deixei
Só pra te falar
Largo tudo



Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra sonhar
Pra sonhar



O que era sonho se tornou realidade
De pouco em pouco a gente foi erguendo o nosso próprio trem,
Nossa Jerusalém,
Nosso mundo, nosso carrossel
Vai e vem vai
E não para nunca mais



De tanto não parar a gente chegou lá
Do outro lado da montanha onde tudo começou
Quando sua voz falou:
Pra onde você quiser eu vou
Largo tudo



Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra sonhar



Domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra contar
Pra contar

O passado, o amor e a dor.



Ele tentou fazer escolhas boas depois de anos difíceis, aceitou a derrota como forma de amenizar a dor, depois de muito brigar a dor já não entrava pela janela, entrava sempre pela porta da frente, sentava à beira da cama e seu alvo sentava de costa e estudava como forma de preencher um vazio imaginável. O passado morava ao lado, era impossível sair de casa e passado não o acompanhar, andavam pelo mesmo caminho, pegavam o mesmo ônibus, faziam a mesma rotina e isso não era bom. 

Os anos passando a ideia macabra começou a surgir. A amizade feita com a dor foi dando espaço a um plano mirabolante, enterrar o passado vivo e assim os dois viraram cúmplices, o passado foi enterrado e ele ficou de luto por muito tempo. A dor já era amiga de café, sempre aparecia e ia embora até que um dia não voltou mais e mandou um tal de amor no lugar!

Ele não reconheceu aquilo de imediato, tampouco tentou fazer algo a respeito, acolheu aquele intruso sem saber do que se tratava, era só mais algum intruso querendo entrar na sua vida. O amor, ele intruso, observava os passos do amigo da dor, aquilo incomodava e o deixa sem falar, viraram amigos. Ele não desejava outras amizades, não queria mais ninguém, nem a solidão estava presente na sua vida. 

Ela já sabia o que lhe importava, sabia quem eram os seus e mesmo com os arrependimentos aprenderá a viver com mais harmonia, com mais segurança e serenidade, a vida mesmo tentando torna duro seu coração apenas mostrou que precisava ser preenchido, talvez a dor percebesse isso e mandou o tal do amor no lugar.

Ao descobrir do que se tratava ficou com medo, medo de sentir dor, medo de tentar fazer com ela, porque sabia que aquilo seria diferente e realmente era. Pela primeira vez depois de muito reconheceu que era amor e mais uma vez estava disposto a entregar seu coração, quebrada e remendado depois de ser deixado aos cacos. 

 Trocaram músicas, sorrisos e beijos, ele já não tinha mais nada com o passado, tudo estava morto, dando espaço para uma história. Ele já estava feliz com aquele sorriso, com aquele olhar sereno e aquele beijo doce. Se um dia houver dor, ela será bem-vinda, pois aprender a lidar com ela é coisa de tempo, é coisa de amadurecimento.  E mais uma vez não importaria de matar o passado, mas este que estar a construir parece tão lindo que parte o coração imaginar enterrá-lo vivo naquele lugar cheio de escuridão.