segunda-feira, 18 de julho de 2016

A Moça Eterna


A Moça Eterna

Imagino neste momento uma mulher correndo, de cabelos soltos, de mente introspectiva, de olhos levemente fechados... Uma simples imagem estática, porque esta mulher deve possuir cerca de 17 anos eternamente constituidos. Na adolescência, mente vazia pelo ato de correr, focada, mas ao mesmo tempo reflexiva. Há um certo questionamento que se faz sobre o mundo, talvez antes um desafio, pois sua vida será, de acordo com seu desejo, traçada por suas escolhas pessoais, e tão somente. Há um certo ar de revolta em seu sorriso. Não aquela revolta constituída pelo fruto pouco amadurecido que deseja florecer, tão pouco aquela revolta tida em momentos de quase morte, quando o fruto de amadurecido que está, permanece nos momentos precedentes do apodrecimento. É a revolta desabrochada, sagaz e reflexiva quando se encontra como arquiteta de seu próprio destino, contra tudo e todos. Uma revolta compreensiva com as exigências pessoais de cada um, mas entendendo que sua exigência deve também ser ouvida pelo mundo. Para quê cortar o cabelo, se vestir, e fazer tantas outras coisas que não deseja consigo mesma por simples sarcasmo social? Sim, sarcasmo, porque essa moça deseja ser livre, correr sempre pelas areias de uma praia, mandar beijos para os navios distantes sem esperar algum retorno real ou significado lógico para isso.

Sua música é a música do tempo para o tempo. Assim como pé após pé a faz correr, tempo após tempo faz a música, faz a harmonia de seu charme. Seus olhos brilham à conquista, o desejo e a agilidade. Agilidade necessária para correr, conquista necessária para desbravar o mundo. mas seus pés, estáticos, não tocam o chão. Surfam os áres do mundo, desafiam os mares mais fundos. Porque seu desejo é voar, desbravar os mistérios do futuro.

Suas delicadas mãos, entreabertas, quase que em punho, guardam a força, o desafio e a construção. Porque sua corrida é sagrada, ícone da luta que precede as calmarias, punhos que lutam, cuidam e constroem, por que o mundo se faz mundo.
Queixo erguido, nariz levemente empinado... Nada humilde, mas a humildade em seu perfil seria um erro, porque seu olhar está para frente, levemente arqueado para cima, vislumbrando as belezas findas no despontar de um novo amanhã. Seu porte altivo é, antes de orgulho, a decisão de ir em frente, de surfar esta ventania, de ser, simplesmente, você mesma.

 

Pietro Sanchini - Shintaro